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O crescimento descontrolado da EaD

por Marcelo Scudeler



A oferta de cursos superiores na modalidade Educação a Distância (EaD) cresceu muito nos últimos anos. Em uma primeira análise, poderíamos justificar essa expansão ao período pandêmico que vivemos em 2020 e 2021. Mas a análise não pode ser tão simples assim, pois o crescimento da EaD começou alguns anos antes e a pandemia, na realidade, foi importante para minimizar eventual resistência do consumidor contra esta modalidade de ensino.


A expansão da EaD nos cursos superiores foi, na verdade, uma estratégia reativa dos grandes grupos empresariais do setor educacional, a partir de 2015, com o encolhimento da oferta do Fies, programa que, principalmente na primeira metade da década de 2010, foi muito importante para a inclusão de alunos de famílias de baixa renda na educação superior e, ao mesmo tempo, foi uma ferramenta de financeirização para estas empresas educacionais, que encaravam este Programa como um facilitador para a captação de alunos, sem risco de inadimplência e sem a necessidade de concessão de políticas de descontos comerciais, pois o pagamento das mensalidades era feito diretamente pelo Poder Público. Em síntese, um bom negócio para os empresários do setor, mas também muito valioso para a diversificação do perfil do alunado.


Com mensalidade bem menores, quando comparadas com aquelas praticadas pelos cursos presenciais, a EaD atraiu (e ainda atrai) alunos de famílias de menor renda e, para isso, o segmento contou com apoio do Poder Público que, em 2017 e 2018, introduziu normativas facilitadoras para a expansão da EaD.


Com essas premissas, o artigo analisa os relatórios de administração (divulgados periodicamente para o mercado e investidores) das 5 companhias educacionais com ações na bolsa de valores brasileira e conclui que a expansão da oferta de cursos na modalidade EaD foi (e ainda é) a principal estratégia comercial dessas empresas, após o encolhimento do Fies, para a manutenção da captação de alunos, principalmente das classes C e D, de tal forma que hoje, no Brasil, temos mais alunos matriculados na EaD do que em cursos presenciais.




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