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Eduardo Henrique Narciso Borges

 

Borges (Professor Substituto – Departamento de
Sociologia (IFCS/UFRJ. Doutor em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGSA/UFRJ) –Pesquisa desenvolvida como Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

Políticas de permanência estudantil na Educação Superior: na visão dos agentes institucionais.

Compreender como os agentes institucionais enxergam as políticas, os problemas dos estudantes e as dificuldades institucionais para a execução dos programas de permanência é crucial para o avanço das discussões sobre desigualdades no interior do sistema de ensino superior e a respeito das estratégias de combate à evasão discente e à accountability (responsabilização) das Instituições de Ensino Superior (IES) em relação às trajetórias de seus estudantes/egressos. O objetivo da tese foi analisar a implementação de políticas públicas/ações de permanência estudantil na educação superior brasileira através da realização de entrevistas com agentes institucionais de três universidades do estado do Rio de Janeiro, duas públicas e uma privada – Diretores de unidade, Coordenadores de curso, Chefes de Departamento e Técnicos em Assuntos Educacionais – TAE.


Apesar das diferenças entre as IES, os problemas vivenciados pelos estudantes no cotidiano são parecidos, provavelmente devido às características e exigências do sistema acadêmico. Todos os agentes destacaram que os problemas financeiros ainda são os principais entraves para a permanência estudantil e para uma afiliação simbólica bem-sucedida e que mesmo os programas assistenciais, muitas vezes, não são suficientes para as necessidades dos contemplados e nem atendem a todos que precisam.  Além disso, há a percepção de que esses problemas potencializam questões “subjetivas”, como problemas psicológicos, de desempenho acadêmico e integração do estudante.


É importante apontar que todos os entrevistados destacam a importância de programas de apoio pedagógico e psicossociais. Apesar de enfatizarem a dimensão material, é possível observar que a discussão sobre “fatores subjetivos” está caminhando. Os agentes indicam que a desigualdade material não é o único fator importante que leva à evasão e, cada vez mais, enxergam o fenômeno como multicausal. Problemas de desempenho nas disciplinas, dificuldades de inserção nas atividades
devido à conciliação entre trabalhos e estudos, dificuldades de formação de laços de capital social (afiliação simbólica), além de preconceitos e discriminação completam o quadro vivenciado no cotidiano. As entrevistas mostraram como diversas formas de  desigualdades e preconceitos persistem no interior do sistema: de gênero, raciais, de orientação/identidade sexual, religiosas, sociais etc.


Além de todos estes fatores, uma reflexão importante que precisa ser feita é o fato de que problemas de financiamento das políticas de permanência têm colocado em risco todos os avanços observados nas últimas décadas. Desde 2015, constantes cortes de recursos destinados às universidades e aos programas de assistência estudantil contribuem para o enfraquecimento das ações de  acompanhamento e apoio pedagógico, tornando a situação dos estudantes vulneráveis – com menor renda, egressos de escolas públicas, pretos, pardos, indígenas ou pessoas com deficiência - cada vez mais insustentável. O problema se agravou com a eclosão da pandemia da COVID-19, com toda a piora do cenário econômico decorrente dela e devido a decisões políticas em relação à gestão da Educação nacional no período recente. Apesar deste cenário, há alguma dose de expectativa positiva para os próximos anos, de alguma reestruturação do setor e recomposição orçamentária, o que dependerá de uma série de fatores políticos, econômicos, fiscais, dentre outros.

 

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