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A ciência ganha novos espaços sociais e como o sistema de ensino superior reage?


Maria Lígia de Oliveira Barbosa



Num momento de crise gravíssima, gerada pela COVID-19, a pesquisa científica, especialmente aquela que se desenvolve com colaboração internacional, transcende os espaços universitários tradicionais e insere-se na esfera pública e no debate político, alcançando um valor social mais robusto e mais extensamente partilhado. Basta uma olhada rápida nos noticiários para constatar a busca, algumas vezes atabalhoada, pelo conhecimento científico que seja capaz de mostrar caminhos plausíveis para a saída da crise atual. Abre-se um extraordinário espaço de conquista de legitimidade para a pesquisa científica e para o fortalecimento do sistema de ensino superior. Ao mesmo tempo, a ciência se torna argumento político, mobilizado especialmente contra a estreiteza das opiniões desinformadas, os preconceitos e a má fé de ações políticas de cunho populista. Sendo assim, aumenta a importância social da ciência tal como é produzida nos melhores modelos, boa parte deles sustentáculos das universidades de excelência. No entanto, aumenta também a força da ignorância e do ódio. A retomada da vida normal será problemática no plano econômico e, provavelmente, bastante difícil para as atuais instituições universitárias, que deverão rever práticas e modelos. Inclusive se fortalecendo através de decisões e políticas mais fortemente orientadas para o fortalecimento da pesquisa, da internacionalização e da formação de qualidade para amplos setores da população.


Toda essa situação mostra que os parâmetros de cientificidade, essenciais para definir o papel das universidades em todo o mundo, combinam-se com formas sociais de funcionamento institucional que sejam capazes de produzir conhecimento e distribuí-lo eficaz e justamente na sociedade.

O que a crise atual tornou evidente reforça as linhas de pesquisa do LAPES, que serão apresentadas nesse novo espaço virtual, através de textos e debates, inclusive na forma de vídeos:

  1. Qual universidade é valorizada no Brasil? Qual o lugar da ciência na organização da nossa universidade? O que é demandado da universidade? Como funciona essa instituição? Para quem fazemos nossa universidade?

  2. Como o sistema de ensino superior brasileiro se prepara para receber seus estudantes, inclusive aqueles chamados de novos? Há maior igualdade de

oportunidades educacionais e sociais?

Tema em destaque: um survey da OECD entre seus 41 países membros mostrou que os jovens (em torno dos 15 anos) têm expectativas muito pouco realistas sobre quais seriam os possíveis empregos a serem oferecidos quando eles completarem sua formação. Quatro quintos dos jovens escolhem profissões tradicionais, como médicos, professores, administradores e advogados. As ocupações que mais crescem praticamente não são mencionadas pelos jovens, como por exemplo, aquelas citadas pelo escritório de estatísticas do trabalho nos EUA: instaladores de placas fotovoltaicas e técnicos em turbinas de vento. Os jovens dos países mais ricos não sabem disso. Menos ainda os nossos. Mas e nosso sistema de ensino superior? Estaria preparado para participar desses avanços?


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