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Injustiça Social e Negacionismo na decisão de manter as datas do Enem

Atualizado: 20 de mai. de 2020

Maria Ligia de Oliveira Barbosa

O ministro da educação resolveu aparecer de surpresa na reunião de líderes do Senado. Eles haviam criticado a decisão do ministério de manter o ENEM em novembro. O argumento do ministro é que até novembro a situação estará normalizada no país. A resposta dos senadores, de todos os espectros políticos, é que a realização das provas em novembro seria particularmente injusta com alunos das escolas públicas. Nelas, o sistema de ensino à distância tem sido menos eficaz, seja pela ausência de estrutura adequada, seja pelo acesso à internet com baixa qualidade ou inexistente entre os alunos.

Segundo um senador, Weverton Rocha (PDT MA), o ministro teria dito que o ENEM não existe para fazer justiça social.

Pode-se dizer que isso é verdade. O ENEM não existe apenas PARA fazer justiça social. Ele é um processo avaliativo/seletivo, desenvolvido com imensos cuidados técnico-científicos, cujo papel é BUSCAR FORMAS DE GARANTIR IGUALDADE DE OPORTUNIDADES NO ACESSO AO ENSINO SUPERIOR. A produção de justiça social será o melhor resultado possível, principalmente se aliado à eficiência do sistema de ensino secundário e à qualidade do ensino superior.

Nesse quadro, manter as datas para a realização do ENEM é sim uma forma de negacionismo: nega todo o conhecimento acumulado na sociologia e economia da educação, que evidenciam as desigualdades sociais no acesso à tecnologia e ao conhecimento básico. Principalmente, nega o papel do ministério da educação que, com um corpo técnico de altíssima qualidade, tem como garantir as informações e indicadores necessários para a tomada de decisões que sejam corretas técnica e socialmente. Uma dessas decisões importantes seria parar de negar a importância da pandemia e propor uma atuação firme, informada cientificamente, no sentido de fazer desse momento desastroso uma oportunidade para investir em avanços pedagógicos que melhorem a qualidade do sistema de ensino. Para todos!


Ainda sobre o Enem 2020 confira o texto da professora Hustana Vargas, da UFF, para o boletim da ANPED .Ele está disponível no link: http://www.anped.org.br/news/por-uma-freada-de-arrumacao-enem-e-covid-19-por-hustana-maria-vargas-gt-14-colaboracao-de-texto


Estudantes pedem o adiamento do Enem 2020


Saiba mais da Campanha iniciada pelos estudantes em #adiaoenem


A pedido do Instituto Unibanco , as pesquisadoras Carolina Campos, Flávia Defacio, Débora Lira e Leticia Souza elaboraram o "Levantamento Internacional sobre a realização de exames educacionais. Confira.

Levantamento-internacional-sobre-realiza
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Elas também são responsáveis pelo site Educação e Coronavírus, onde é possível encontrar outros estudos , como por exemplo: as respostas dos estados, no âmbito da educação básica, à pandemia.


A decisão de adiar é boa! Ouviu os técnicos do próprio ministério, o Conselho Nacional de Educação, o Congresso e, principalmente, a demanda intensa da sociedade. Mas a definição do prazo talvez devesse ficar mais atenta à proposta do Congresso que indica a realização dos exames somente quando se definisse o reinício e o final do ano letivo no ensino básico. Seria mais razoável, considerado o caos e as dificuldades dos estudantes em acompanhar e se preparar para uma prova que pode definir o resto de suas vidas.


NOTA OFICIAL | Adiamento do Enem 2020 - A decisão de adiar é boa! Ouviu os técnicos do próprio ministério, o Conselho Nacional de Educação, o Congresso e, principalmente, a demanda intensa da sociedade. Mas a definição do prazo talvez devesse ficar mais atenta à proposta do Congresso que indica a realização dos exames somente quando se definisse o reinício e o final do ano letivo no ensino básico. Seria mais razoável, considerado o caos e as dificuldades dos estudantes em acompanhar e se preparar para uma prova que pode definir o resto de suas vidas.


#Enem,#educaçãobásica

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