por Sara Esther D. Zarucki Tabac
Você já pensou o que faz uma pessoa escolher ser professor(a)? Quais são as
razões sociais, econômicas, escolares, familiares ou até políticas que fazem com que as pessoas escolham o magistério, e mais precisamente, ser professor de sociologia, como carreira?
Eu me fiz essas perguntas durante toda a minha graduação e mestrado. No
doutorado, defendido em 2021,
finalmente pude transformar em pesquisa tais inquietações. Aspectos relacionados à idade, forma de ingresso e escola na qual foi realizado o ensino médio são questões discutidas e debatidas neste artigo, oriundo de parte da minha tese, denominado: “A vocação para ensinar Sociologia: a Sociologia de François Dubet e a escolha da licenciatura em Ciências Sociais na UERJ e UFRJ”.
abrem caminhos para futuras discussões sobre perfil dos egressos no ensino superior
nos cursos de licenciatura.
O artigo tem em seu título, uma palavra importante que é muito usada no campo
de formação de professores: vocação. É comum escutamos que as pessoas são
professores por “vocação” e que nasceu com o “dom” para lecionar. Sabemos que esse
“dom” é produto social e oriundo de discutas sociais dentro dos grupos. Muitas vezes o
“dom” que muitos julgam ter para lecionar pode esconder e legitimar uma
desvalorização da profissão.
As razões e inquietações que me levaram a esta pesquisa fazem parte de anos de experiência como profissional do campo educacional. No caso da pesquisa aqui
desenvolvida está em questionarmos desde quando podemos pensar a divisão do
trabalho social e a luta entre seus grupos para impor uma visão de mundo que contribua
com a posição no espaço social. Para tal questão, percebemos a importância de observar
seu lugar de formação: a universidade.
Quando analisamos do ponto de vista das universidades, vistas como uma instituição presente em uma realidade social, é de suma importância questionarmos como ocorrem as diferentes formações ali presentes. No caso desta pesquisa, as escolhas estão no curso de Ciências Sociais dentro de duas instituições específicas: a Universidade Estadual do Rio de Janeiro e a Universidade Federal do Rio de Janeiro.
O artigo busca compreender as desigualdades sociais representadas no âmbito
universitário e como elas se tornam uma das bases da sociologia da educação para além
do âmbito macro ou micros sociológico. O que explica a ação dos indivíduos? Como
que as ações se constroem através da experiência? A partir da leitura do autor François
Dubet, e de sua “sociologia da experiência”, analisei como perpassam as lógicas sociais
que movem esses sujeitos em sua experiência social. É essencial compreendemos que
revisarmos a centralidade dos atores sociais no processo de análise sociológica para que
seja possível analisar melhor as escolhas dos egressos.
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